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Da industrialização à sustentabilidade: a experiência da China

No período entre 09 e 22 de março de 2023, a China foi palco do "Seminar on Ecological Environment Protection and Sustainable Development for Belt and Road Countries", organizado pela Academy for International Business Officials (Aibo), diretamente vinculada ao Ministério do Comércio chinês. O evento reuniu especialistas e autoridades mundiais, com o objetivo de discutir as práticas de proteção ambiental e sustentabilidade dos países envolvidos no Belt and Road Initiative (BRI), projeto estratégico de desenvolvimento econômico e comercial liderado pela China.

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As relações Brasil-China se intensificaram desde 2006, com a formulação dos BRICs. Trata-se de termo criado pelo famoso economista Jim O’Neill e que se consolidou em um grupo de países, com vocação para o desenvolvimento econômico, que possuem acordos e iniciativas comuns em diversas áreas com os objetivos de (i) criar e manter um Banco de reservas financeiras destinados a países componentes do bloco em situações de necessidade de socorro econômico; (ii) fortalecer mutuamente as economias componentes do bloco; (iii) fomentar cooperativismo nas relações entre os países, contando com auxílio técnico, acadêmico, científico, cultural, etc.

A China tem se destacado como um importante parceiro para o Brasil, sobretudo em relação ao comércio exterior e à cooperação em áreas diversas, como infraestrutura, ciência e tecnologia, e meio ambiente. Este país asiático passou por um intenso processo de industrialização e urbanização nas últimas décadas, que trouxe prosperidade, mas gerou desafios significativos no quesito sustentabilidade ambiental. A poluição do ar, da água e do solo são alguns dos problemas mais graves enfrentados pelo país, afetando não apenas a saúde da população, mas também a qualidade de vida e a economia.

Quais são as lições advindas desse rápido processo de industrialização e logo de uma pressão significativa sobre os recursos naturais?

O aprendizado veio a duras penas. A China, nos últimos anos vivenciou sérios alertas de poluição do ar e da água. Segundo dados divulgados pelo Greenpeace, cerca de 80% das cidades chinesas não atendem aos padrões de qualidade do ar, o que resulta em sérios impactos na saúde pública. Acredita-se que a poluição do ar seja responsável por cerca de 1,6 milhões de mortes prematuras por ano no país. A situação dos recursos hídricos também é desafiadora, uma vez parte considerável dos rios e lagos chineses não estão em situação adequada.

É claro que a sustentabilidade envolve os componentes econômicos, sociais e ambientais, que devem se alavancar em mesmo nível de importância. Não basta acabar com a miséria ao custo do meio ambiente degradado, pois isso certamente se voltará contra o próprio país.

Mas você, leitor, deve estar pensando: ainda assim, vale a pena? Não é consenso. Porém, o que vemos é que o meio ambiente, a curto, médio ou longo prazo cobrará seu preço, podendo haver decréscimo da qualidade de vida desta vez não pelo aspecto social, mas ambiental.

O ideal é ter clareza disso tudo e tomar atitudes buscando contornar ou não agravar a situação. E é isso que esse incrível país nos ensina, com grande envergadura e comprometimento das mais altas autoridades do país.

As metas de desenvolvimento sustentável da China estão alinhadas com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Em 2015, o país se comprometeu a alcançar o pico de suas emissões de dióxido de carbono até 2030 e a reduzir a intensidade de carbono de sua economia em 60-65% em relação aos níveis de 2005 até 2030. Além disso, a China estabeleceu a meta de aumentar a participação das energias não fósseis em seu consumo total de energia primária para cerca de 20% até 2030.

Para alcançar essas metas, a China está realizando grandes investimentos em tecnologias limpas, como energia eólica, solar e nuclear, além de veículos elétricos. Em 2020, a capacidade instalada de energia renovável da China ultrapassou 800 GW, o que representa mais de 40% da capacidade instalada de energia renovável do mundo. Além disso, a China é o maior produtor e consumidor de energia solar do planeta. Em setembro de 2022, o presidente Xi Jinping anunciou que em que pese o compromisso de reduzir drasticamente as emissões de CO2 até 2030, buscará a neutralidade nas emissões entre 2050/2060.

No que tange a qualidade do ar, a China está trabalhando para melhorá-las por meio de uma série de políticas e programas. Em 2018, foi lançado um plano de ação de três anos para combater a poluição do ar, que incluiu medidas como reduzir a produção de aço e carvão e aumentar a utilização de fontes de energia limpa. Além disso, o país tem investido em infraestrutura de tratamento de água e saneamento básico, com o objetivo de garantir que 95% da população tenha acesso a água potável e saneamento básico até 2030.

Embora tenha sido feito progressos significativos em relação à sustentabilidade, ainda há muito trabalho a ser feito. É importante que o país continue a investir em tecnologias limpas e a implementar políticas e programas para combater a poluição e proteger o meio ambiente. O Brasil é um excelente parceiro nessa toada e, por essa razão pode ser muito importante encontros bilaterais que se promovem, seja na esfera política, seja na empresarial.

A experiência chinesa pode servir como um exemplo para outros países que enfrentam desafios semelhantes e buscam soluções rápidas para a sustentabilidade ambiental.

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